sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

sonho

Me considero uma pessoa com um inconsciente absurdamente ativo. A quantidade de sonhos que tenho, não é brincadeira. Será que eu tenho tanta coisa para saber assim? Devo ter, a quantidade de perguntas que faço, não é a toa que ele fica tentando me fornecer respostas. Outro dia, por exemplo, acordei com uma palavra na cabeça. Eu sonhei a noite inteira com ela, que ficava lá, flutuando. Sinceramente, eu não lembro de já ter escutado, lido ou visto ela em algum lugar, mas então, por que diabos ela apareceu ali? Alguma razão haveria de ter!
Na Grécia escreviam o nome de um infeliz numa placa de argila e iam marcando cada vez que desrespeitava as regras. Quando chegava a um determinado número de tracinhos, era banido do local por alguns anos. Essa espécie de julgamento era chamada de ostracismo que, basicamente, significa: isolamento, exclusão, esquecimento, banimento, exílio, repúdio, repulsa, afastamento das funções ou de um grupo, confinamento voluntário ou não. Lógico que eu fui pesquisar. Eu fiquei curiosa!
Sabrina diz que a falta de objetividade do inconsciente é necessária as vezes. Deve ser porque algumas verdades são duras demais para serem olhadas de frente, então ele vai nos dando informações, pistas e sentido.
Isso me impressionou bastante. O sonho, o significado da palavra, lembranças, experiências que tive, atitudes... Algumas coisas são realmente difíceis de encarar.
Nota mental: nunca subestime a mente humana.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

o inesperado

Eu estava indo muito bem. Até perder um pouco o ritmo (no Carnaval isso costuma ser essencial).
Bem, nunca disse que essa vida era para mim, rs, e de forma ou de outra, eu tenho minha cadência...
A pé ou não, com chave ou sem, embebedando navios ou mantendo-os sóbrios... não importa. As vezes nos surpreendemos ao dobrar a esquina. Nem tudo é como queremos ou gostaríamos, mas isso não quer dizer que não possa ser bom.
Enfim, para frente é que se anda. É preciso dar lugar na passarela e não atrapalhar a evolução.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"aponta pra fé e rema"

Esta noite vou embebedar os meus navios
Rasgar os meus poemas
E as minhas raras (raríssimas)
Cartas de amor


Esta noite vou ser horrível
Pior do que o costume
Vou desabobadar os céus da minha esperança
Viga por viga estrela por estrela


Esta noite vou embebedar os meus navios
Vou deixar de falar a imensa gente
Vou encontrar um sábio chinês
Que me recitará poemas muito simples
Insuportáveis de tão belos


Esta noite vou destruir mapas antigos
Abrir certas janelas e quebrar
A possibilidade de alguém mais entrar na minha vida


Esta noite vou pedir perdão aos meus amigos
E escrever uma última carta sem a mínima sombra de sentimentalismo


Esta noite vou embebedar os meus navios



Alberto de Lacerda
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema originalmente publicado em 1961.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

cansei de andar de ônibus

Não quero mais ser obrigada a ir por um caminho que não é o que eu escolho. Cansei de ir onde me levam, de pegar carona...
O medo não é meu, é deles. Dar partida é complicado. Principalmente quando não acreditam em você, quando acham que você é frágil demais ou que precisa de proteção. Sinceramente? No fundo eles gostam da dependência.
Acho que devem pensar que se eu estiver na direção, não me seguram mais. Bem, devo admitir que eles podem estar certos quanto a isso. Convenhamos! Está mais que na hora de estar com o volante nas mãos.
Decidido: ou a chave ou vou ver a vida a pé (pelo menos eles me levam onde eu bem entendo). Posso até não ter sentido, mas eu sei onde quero ir.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

dívida

Nesta última tarde em que respiro
A justa luz que nasce das palavras
E no largo horizonte se dissipa
Quantos segredos únicos, precisos,
E que altiva promessa fica ardendo
Na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
Senão em cada gesto e pensamento
E dentro destes vagos vãos poemas;
E já todos me ensinam em linguagem simples
Que somos mera fábula, obscuramente
Inventada na rima de um qualquer
Cantor sem voz batendo no teclado;
Desta falta de tempo, sorte, e jeito,
Se faz noutro futuro o nosso encontro.


António Franco Alexandre
In Uma fábula
Assírio & Alvim, Editores

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

por que?

Por que é tão difícil? Por que não paro de pensar? Por que doi? Por que não esquecer? Por que eu sempre perco a aposta? Por que eu não controlo isso? Por que eu tenho que calar? Por que não devo ir? Por que continuar? Por que não? Por que sentir? Por que não gostar? Por que estar? Por que ser? Por que não rir? Por que abstrair? Por que não concordar? Por que chorar? Por que fingir? Por que esperar? Por que seguir? Por que só? Por que sim? Por que saber? Por que tentar? Por que ouvir? Por que querer?
Por que jurar? Por que não dormir? Por que ser forte? Por que iludir? Por que questionar? Por que sofrer? Por que amar? Por que não agir? Por que parar?

Bobagem. Quem precisa de respostas?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

aposta

Você já fez aposta com você mesmo e perdeu? Eu já. Eu prometi para mim que não faria algo e apostei que conseguiria. E adivinhem? Me dei mal. Agora tenho que pagar o preço dessa constrangedora derrota.
O fato é: eu estou aprendendo a não esperar muito das pessoas. E como (muito bem) colocou Mari, no twitter, sobre esse meu comentário: quando não se espera nada de ninguém, há duas possibilidades. Uma é ter uma feliz surpresa e a outra é tudo ficar na mesma, afinal, pior não fica.
Pensar assim me livra, obviamente, de muitas frustrações. Mas não de todas, porque no fundo eu ainda acredito, ingenuamente, no melhor desses animais que chamamos de seres humanos. E diga-se de passagem, os animais, apesar de irracionais, aparentam ter muito mais coração que muita gente por aí.
Enfim, devo e não nego. Perdi a aposta.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

na raça, no amor e na paixão.

O que eu queria dizer mesmo é que eu acordei hoje com a péssima sensação de que o Flamengo perderia. E a sensação se confirmou durante o primeiro tempo inteiro. Sei que é horrível, mas não esperava muito. O Fluminense está com um bom time e o Flamengo tem os problemas de sempre, embora venha fazendo algumas bleas jogadas e até que boas partidas.
Pois é,  quase cheguei as lágrimas durante o primeiro tempo. Acho que nunca fiquei assim por causa de um jogo de futebol. Começou o segundo tempo. Estava cabisbaixa, irritada com as provocações adversárias, mas ali. Torcendo, gritando, querendo que as coisas fossem diferentes. E foram!!! Não acreditei na mudança de atitude do time! Na força, na garra e na raça, conquistou a vitória. Foi dramático, sofrido, um "ai, jesus", mas valeu a pena o desespero. O desfecho não poderia ter sido mais emocionante.
Então hoje, só hoje, não abrirei mão da usual arrogância flamenguista, e direi que esse é - SIM - o melhor time do Brasil, que não há torcida como a nossa e que merecemos tudo isso. E, para fechar, não poderia deixar de comentar: de virada é MUITO MAIS GOSTOSO. Perdoem-me, amigos tricolores! =D

"Na regata, ele me mata,
Me maltrata, me arrebata.
Que emoção no coração!
Consagrado no gramado;
Sempre amado;
O mais cotado nos fla-flus é o 'ai, jesus!'
Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo.
Ele vibra, ele é fibra,
Muita libra já pesou.
Flamengo até morrer eu sou!"