segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Olheiras, ossos e escárnio"

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"Com você e todo esse amor, eu consigo apenas me largar pelos cantos assustada. Isso é vida? Eu não quero andar duas quadras no sol com você. Porque te amar assim, me dá medo de enfartar ou da minha pressão cair. Não sei. Eu quero deitar e esperar passar tudo. Eu quero te olhar deitada enquanto seguro um copo com água de coco geladinha. Porque você não sabe, mas tenho corrido maratonas e vencido monstros gigantescos para conseguir sentir tudo isso sem arrancar minha cabeça fora. E quando você, ao invés de me esperar no pódio de chegada com pomadas e isotônicos, me olha desconfiado ou entediado de tudo, eu quase desejo que dessa vez eu morra no meio da corrida. Porque é ridículo achar que você faz tudo valer a pena, mas, no fundo, acabo achando que você faz tudo valer a pena. Isso é vida?"
[...]


http://www.tatibernardi.com.br/textos.php?id=234&y=2008&tit=Olheiras%2C-ossos-e-esc%E1rnio

quarta-feira, 14 de abril de 2010

GAFANHOTO

Gafanhoto…
Castanho e verde…
Lindo e saltarico…
Que salta e pula…
Que se deixa agarrar…
E também acariciar…
Que muda de cor…
Que muda de querer…
E eu…
Vejo-te…
Em praga…
Pela minha cidade…
E vejo…
A azáfama…
De correr correr…
Para te apanhar…
Panelas e caixas…
Tudo pela rua…
Porque tu…
Apesar de saltares…
És um petisco…
E tens que voar…
Tens que fugir…
Para continuares a saltar!...


Cidalia Laranjo

quinta-feira, 1 de abril de 2010

pout-pourri

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. "


“Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."


"A vida é agora, aprende. Ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pêlos, provarão teus gostos. E outra mais, outra vez ainda. Até esqueceres faces, nomes, cheiros. Serão tantos. O pó se acumula todos os dias sobre as emoções."


"— Deixa que a loucura escorra em tuas veias. E quando te ferirem, deixa que o sangue jorre enlouquecendo também os que te feriram."


"tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha vida ,veja só que coisa mais individualista, elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara."


"Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais - por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma  fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido."