segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

"O porto sempre por achar..."

Quase sempre me impressiono com a simplicidade eficiente com que as crianças enxergam as coisas.
Estava a criatura ali, fazendo o seu check-in no guichê do aeroporto. Pensava em muitas coisas, mas principalmente na dificuldade de lidar com algumas prisões que o mundo impõe.
(É tempo de questionamento e inquietação.)

A fila anda, desperta dos pensamentos e começa a ouvir a conversa de um menino com seu pai:

- Pai, onde as aeromoças moram?
- Na casa delas.
- Mas como se elas estão sempre voando!?
- Não. Nem sempre.
- Já sei! Elas são de todos os lugares!

E tudo fez sentido.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Fibrilações

Tanto faz
funeral ou festim
tudo é desejo
o que percurte em mim.
Ó coração incansável à ressonância das coisas,
amo, te amo, te amo,
assim triste, ó mundo,
ó homem tão belo que me paralisa.
Te amo, te amo.
E uma língua só,
um só ouvido, não absoluto.
Te amo.
Certa erva do campo tem as folhas ásperas
recoberta de pelos,
te amo, digo desesperada
de que outra palavra venha em meu socorro.
A relva estremece,
o amor para ela é aragem.

Adélia Prado