domingo, 30 de maio de 2010

"se nada mais der certo leia clarice"

Hoje tive uma lembrança muito feliz a respeito do primeiro livro da Clarice Lispector que eu li. Tinha por volta dos 16 anos, talvez não entendesse muito bem algumas coisas (como continuo não entendendo, lógico), mas foi uma leitura visceral e, obviamente, inesquecível. 
Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Eu deveria ter imaginado que essa história me acrescentaria algo. Bem, eu me apaixonei por Clarice (assim, íntima mesmo) desde então. Tenha certeza: qualquer identificação é mera coincidência...

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra pra frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.” 


Ps.: O título do post é de um conto do José Eduardo Agualusa, escritor angolano.



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