sábado, 8 de maio de 2010

cocô



        "A psicanálise estava errada. É na vida adulta que a gente precisa aprender a dar tchau pros cocôs."


Sejamos realistas: muita gente ri, conta piada, fala... mas no fundo todo mundo tem suas arestas quando o assunto é merda. Merda, cocô, escatologia, no geral. Tabu? Vergonha? Por que? Qualquer pessoa normal vai ao banheiro. Qual a dificuldade disso? Bem, o fato de eu estar falando a respeito não é nenhuma revolta, é mais uma necessidade de entender mesmo.
Alguém já sonhou com fezes? Eu já. Tive sonhos recorrentes e não foi agradável. Então, enquanto pessoa psicanalisada (HAHAHA), resolvi refletir e pesquisar sobre o tema, e, quem sabe, compreender melhor essa história.
Os sonhos se baseavam mais ou menos na seguinte cena: Ev, apertada, chega ao banheiro, olha o vaso sanitário e este está absurdamente entupido (até não poder mais) de cocô. Muito a contra gosto (porque a merda não era dela), Ev tenta limpar a zona, puxar a descarga, mas a porcaria não desce. O sonho seguinte não fica melhor. Além das fezes na privada, há também na pia, e mais uma vez Ev tenta dar um jeito da situação, sem muito êxito. No terceiro sonho o negócio fica ainda mais tenso, a coisa começa a vazar e fugir do controle, causando assim, um certo desespero, sensação de "preciso sair daqui! para onde eu vou?". Daí para frente só piora.
Desagradável, não é? Imagina sonhar com isso. Mas, pensem bem: o que são as fezes, se não o resto não aproveitado do que nós ingerimos? Aquilo que precisamos colocar para fora. Todos defecam. Só que é horrível pensar que mantivemos dentro de nós aquilo que é o resto, que fede, que é feio, que ninguém precisa saber que está dentro de nós, o que temos de mais íntimo. 
Tratei de ir procurar saber o que pensavam a respeito e achei Freud (foi bem divertido, não canso de me surpreender com os estudos dele e rir, claro). Uma das coisas que li foi sobre o cocô ser a primeira forma de comunicação do bebê. Impressionante isso. É a primeira "coisa" que a criança divide com aquela que é a pessoa mais próxima dele, ou seja, é quando ele percebe que aquilo, de alguma forma, chama a atenção e faz com que a mãe se aproxime, e 'fale' com ele. 
Então o cocô é algo que está dentro dele, que não serve mais, e que ao colocar para fora, como resultado, ganha interação. Resumindo: é uma conversa! Uma forma possível de diálogo. Tentei usar isso para entender meus sonhos. Pensei sobre o que está acontecendo na minha vida atualmente e acho que consegui fazer uma boa análise. 
Todos os caminhos me levam a crer que preciso resolver certos problemas de comunicação. Quando sonho com o banheiro da minha casa, imagino que já signifique muita coisa. Por que não consigo descartar todo aquele lixo (emocional?)? Quanto mais o tempo passa, mais a merda aumenta e a dificuldade também. Não é a toa o desespero! Algo está transbordando e que está complicado de esconder. Não seria novidade se este vazamento de merda estivesse atrapalhando minha vida, impedindo minhas escolhas e inibindo minha movimentação. 
Vale lembrar que estava tentando consertar -inutilmente- a merda alheia. O que, obviamente, fazia com que não tivesse espaço para a minha própria merda. Qualquer semelhança com a minha vida, não é mera coincidência...
Imagino que meu inconsciente esteja tentando me alertar a respeito de algo essencial. O que significa não puxar a descarga? Por que eu tento limpar e não adianta? É porque eu tento sozinha ou por que não sou que tenho que fazer isso? Será que eu não consigo me separar disso? Quais são obstáculos a serem ultrapassados? 
Uma coisa é certa: é necessário evacuar o que não serve, o que está ocupando o espaço que deveria ser de algo de que eu realmente precise. Mas, enfim, depois de muito refletir, concluí que anda se mostrando indispensável uma limpeza emocional... e que eu devia agradecer por não ter prisão de ventre...   



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