quinta-feira, 18 de março de 2010

foi por ela


SAMBA-CANÇAO
(Ana Cristina César)

Tantos poemas que perdi.


Tantos que ouvi, de graça,


pelo telefone – taí,


eu fiz tudo pra você gostar,


fui mulher vulgar,


meia-bruxa, meia-fera,


risinho modernista


arranhando na garganta,


malandra, bicha,


bem viada, vândala,


talvez maquiavélica,


e um dia emburrei-me,


vali-me de mesuras


(era comércio, avara,


embora um pouco burra,


porque inteligente me punha


logo rubra, ou ao contrário, cara


pálida que desconhece


o próprio cor-de-rosa,


e tantas fiz, talvez


querendo a glória, a outra


cena à luz de spots,


talvez apenas teu carinho,


mas tantas, tantas fiz...

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