quarta-feira, 16 de junho de 2010

“SE TÊM A VERDADE, GUARDEM-NA!”*



Por um bom tempo eu consegui não falar... Mas eu só não falei, porque pensar eu continuei pensando. E pensar sem falar parece que deixa as coisas maiores...
Eu me sinto uma idiota, mas tudo bem, não tem problema.
Começou assim: encontrei uma amiga que eu não via há tempos. Contamos novidades, histórias e falei para ela sobre o caso mais recente que tive.
E ela logo perguntou: — Você ainda é apaixonada por ele, né?
Disse que não, que era algo que tinha passado, uma lembrança agradável, essas coisas.
Ela: — Mas isso não explica o brilho nos seus olhos enquanto você fala.
Óbvio que fiquei totalmente sem graça. Era lógico que eu falava com empolgação, foi algo bom que eu vivi.
Enfim, papo vai, papo vem...
Disse que tinha terminado com ele porque a situação, apesar de tudo, não estava mais sendo saudável para mim.
Então minha amiga pronuncia a fatídica frase: — Ah, então você não amava ele.
As palavras caíram em mim como uma bomba.
Não me espantei com ela tentando explicar o comentário o mais rápido possível, pois se bem me conheço, fiz alguma expressão que entregava o meu mais profundo pensamento.
Portanto, continuou: — Se você amasse, não teria sido tão fácil. Você simplesmente abriu mão. Quem ama não desiste assim, de uma hora para outra...
Eu discordei, claro. Dei minha opinião, falei o que achava.
Ela entendeu meu ponto – ou pelo menos fingiu que entendeu –, entendi o dela e fomos embora, cada uma de volta para a sua vida.
Certo. Eu fui embora, mas os pensamentos vieram comigo. A frase ecoava na minha cabeça.
O comentário dela mexeu muito comigo. Mas muito. Praticamente colocou na berlinda tudo eu penso sobre amor, tudo que eu achei que era sentir amor, tudo que eu senti. Como se já não bastassem as minhas frequentes dúvidas, as minhas noias de estimação, as minhas inseguranças e tudo que na minha cabeça parece mentira ou invenção.
Foi ficando tudo tão dolorido aqui dentro, que eu já nem sabia mais.
Então me dizem: — Primeiro a gente se ama, para depois amar os outros.
E foi justamente isso que me fez sair da situação. Pensar em como me sinto é um erro? É egoísmo me amar mais do que amar outra pessoa?
Um fato: isso não queria dizer que eu não o amasse, que eu não o ame. Muito menos que foi fácil. NÃO ESTÁ SENDO FÁCIL. Até hoje.
Acho que ninguém melhor do que quem passa para saber a força e a coragem necessárias para fazer determinadas escolhas e por um bom tempo ter que conviver com a incerteza: será que realmente tomei o caminho certo ou poderia ter agido diferente?
Puta decisão difícil – sério. Desistir do que se quer, abrir mão de quem se ama não é simples.
Então, por favor, não me venham com conclusões! Eu não quero saber.








*Apropriei-me de versos de LISBON REVISITED (1923), poema de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa).

¬ http://www.revista.agulha.nom.br/facam15.html

Um comentário:

  1. Só faça o que tem vontade, não se preocupe com o futuro nem com o fim.

    A significação é lato

    Beijos

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